The Fall: a série mais afrontosa que você provavelmente não assistiu ainda

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"Cacetada!" - Tassinari, Larissa (ao descobrir uma nova série legal no Netflix na última semana)



Alguns já devem ter ouvido falar de The Fall. Outros já devem ter assistido. Desses "outros", uns quantos devem ter achado apenas "ok"... Afinal, gosto é gosto e nem Gretchen conseguiu agradar a todos né nón? 

Mas sei que muitos não conhecem/viram ainda, e acho necessário apresentar alguns tantos motivos dessa série ter me prendido tanto, tão rápido.

The Fall é uma série anglo-irlandesa (já vem carregada de contexto cult com essa base aí né migos, pronta para hipsters do mundo televisivo dizerem que viram before it was cool), criada por Allan Cubitt e dirigida por Jakob Verbruggen. Caso interessar possa, o Allan produziu, entre diversos filmes e séries, dois longas britânicos baseados em um detetive bem famosinho, "Sherlock Holmes e o caso das meias de seda" (2004) e "O cão dos Baskervilles" (2002). Já o Jakob foi o diretor responsável pelo episódio Men against Fire, de Black Mirror. Etaaa.

Essa série me chamou a atenção E me fez desistir de vê-la, inicialmente, pelo mesmo motivo. O elenco tinha o Mr. Grey, de 50 tons de cinza (que acho bem bostinha, digo mesmo), e a Gillian Anderson, que pra quem não conhece é a protagonista de X-Files. 

Ei, não me entendam errado, diferente do Mr. Grey ali, eu amo a Gillian. No entanto, me apeguei a ela no papel da policial Dana Scully, em X-Files, e imaginei que sentiria dificuldades em separar as personagens, já que ela em The Fall TAMBÉM é uma policial - uma detetive da Polícia Metropolitana, mas mesmo assim...

Só que o tédio chega para todos, né keridos. Estava eu sem saber o que assistir, essa série dando boca... Decidi que ~~~É HOJE. 

Então vamos aos motivos pelos quais TODO MUNDO DEVERIA VER ESSA SÉRIE.

Primeiramente, vale citar que ela pode agradar os dois lados da moeda: aqueles que amam uma série policial e aqueles que normalmente não curtem a vibe procedural desse tipo de drama.

Já no primeiro episódio você fica meio UÉ UÉ. ué?

Isso porque estamos acostumados a um tipo de narrativa na atualidade (I mean, nos últimos 10 anos) da televisão, normalmente aquela que se repete na mesma receita de bolo das séries americanas policiais. NÃO que eu esteja criticando, amo esse modelo, mas The Fall pega essa receita e joga mais uns produtos dentro e faz de um bolinho inicialmente comprado pronto na padaria, uma torta de três andares de morango com chocolate de 200 reais. 

Pra quem não conhece nem a sinopse, The Fall conta a história de uma detetive que vai pra Belfast, capital da Irlanda do Norte e aparentemente meio barra pesada em questão criminal. A intenção dela é revisar o trabalho policial feito num assassinato de uma mulher, que não foi resolvido e estava ganhando atenção na mídia. Só que quando ela chega lá, acontece outro assassinato com o mesmo padrão e ela fica tipo MANOS, É O MESMO ASSASSINO. Só que os manos falam NÃO É NÃO, VOCÊ PARE. Mas ela é afrontosa e ela diz VOU PROVAR SAPORRA. Aí ela prova, porque ela é foda. E afrontosa, como já falei. E daí começa a caça ao serial killer que tá assassinando mulheres solteiras e bem sucedidas, deixando elas deitadas nuas na própria cama.

Até então tá normalzinho, né? Já tem vários plots similares. MAS aí sim vem o diferencial da narrativa. A série não é narrada pelo ponto de vista da polícia apenas. É narrada pelo ponto do assassino TAMBÉM. Não mostra apenas os assassinatos sendo cometidos. O episódio equilibra cenas da polícia, da policial Stella Gibson na vida pessoal e do assassino no seu dia a dia. Corta cenas do cadáver da última vítima para cenas do assassino, pai de família, brincando com sua filha de 8 anos e cuidando do lar, que consiste em mais um filhinho pequeno e a mulher.

Essa visão diferenciada gera no telespectador duas sensações principais: desconforto e, principalmente, a possibilidade de associação. 

A maioria das séries, mesmo Criminal Minds, que aborda casos um pouco mais pesados e visuais, por mais que expliquem que um assassino pode ser QUALQUER UM, ainda assim mostram lapsos apenas de seu comportamento como tal, como assassino. The Fall brinca com essa possibilidade. Eles mostram aquilo que nossa cabeça prefere não assimilar; mostram que a frase "seu vizinho comum e tedioso pode ser um serial killer" significa literalmente que uma pessoa sem maldade nenhuma aparente, que cuida, banha, dá comida e leva pra escola a filhinha de 8 anos, sai a noite e observa, planeja e, finalmente, mata com as próprias mãos uma mulher inocente. Apenas para, depois, voltar para casa, dar um beijo de boa noite na testa da filha, e ir dormir ao lado da mulher.

Se não fosse suficiente essa perspectiva, ainda temos o papel da protagonista sendo uma tombadora de forminhos na série. Ela chama o assassino de misógino. Ela questiona o motivo de uma mulher não poder parecer feminina na força policial. Ela, ainda, bate de frente ao perguntar por que incomoda tanto quando uma mulher é o sujeito da frase e o homem o objeto, quando questionada sobre uma noite de sexo casual. "Por que quando o homem é o sujeito e a mulher o objeto, está tudo bem? Mas quando a mulher quer sexo casual, e o homem se torna o objeto, de repente é uma afronta?".

ELA MESMO AFRONTOSA MELLO.


Outra coisa válida é o sotaque inglês forçado de alguns personagens por estarem gravando na Irlanda. Vale a pena ver. HE HE HE.

Surpreendentemente o Mr. Grey atua tão bem como assassino que até entendi o motivo de terem escolhido ele como ator principal para 50 tons de cinza, afinal um cara controlador, passivo-agressivo e com problemas psicológicos é exatamente o que ele faz em ambas as histórias né?

Estou na segunda temporada (são três temporadas, de uns 6 episódios cada), e até agora não me decepcionei com nada. E OLHA que não sou aquela de exaltar séries europeias. The Fall tem a mistura perfeita de série policial, questões sociais, política, feminismo e drama... Além de um humor ácido personificado na forma da personagem da Gillian.


CORRE VER QUE SÓ DEUS SABE QUANTO TEMPO NETFLIX VAI DEIXAR ELA LÁ EIN. E depois, faz favor e vem me contar o que achou, tá?

Estrelinhas de amô pra todos <3 



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