Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas

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Nossa... que frase clichê né?

Sempre odiei aqueles tietes do Pequeno Príncipe, principalmente porque boa parte delas (e deles) não entende metade da mensagem e só fala sobre para parecer cult. Mas, por que, então, estou usando essa frase sendo que nunca fui entusiasta da obra?

Bom, O Pequeno Príncipe foi um dos livros com o qual aprendi a ler... Com quatro anos. É, nunca fui uma criança muito normal. 

Nossa lari, mas por que tu tá contando isso? Porque quero que vocês entendam da onde veio o embasamento sobre o que vou escrever em seguida. 

Então.

Minha mãe leu esse livro quando era jovem e realmente amava/ama ele. Não lembro de nada que li quando tinha meus 4/5 anos, e provavelmente deveria ler agora, novamente, depois de adulta. MAS há uma coisa que nunca vou esquecer, porque foi com ela que aprendi algumas verdades sobre a vida: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Não sei quando foi a primeira vez, mas associada às memórias da minha infância está a imagem da minha mãe me olhando nos olhos e dizendo "lembra filha, tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Não só uma vez, mas várias, enquanto crescia (e até hoje). Para falar a real, eu não sei nem exatamente em que contexto essa frase é usada no livro; sei que tem algo que ver com uma rosa dele. No entanto, o importante é que foi essa frase, repetida diversas vezes enquanto crescia, que me fez parte da pessoa que eu sou hoje. 

Em uma conversa informal com meus amigos acabei citando a frase, e percebi que sou fiel à ela até hoje, independente do sentido que interprete. Normalmente prefiro pensar nela como uma espécie de descrição para o karma, só que de um jeito mais legal de expor.

Recentemente me vi obrigada a conviver com uma pessoa daquele estilo que inicialmente não agrega nada de realmente bom na nossa vida; que faz nossas costas pesarem, nosso corpo implorar por alivio da tensão que carrega quando a pessoa está por perto; que faz nosso peito apertar fisicamente com aquela sensação de auto-preservação e, no meu caso, mais forte que isso, a sensação de preservar e proteger aqueles à minha volta. Resumidamente: aquela pessoa que a gente sente um aperto no estômago ao olhar nos olhos, que faz a gente se sentir levemente constrangida por pensar logo no primeiro encontro que ela não deve ser boa gente, mas que no final acaba confirmando a ideia com o passar do tempo.

No início me senti encurralada. Ninguém quer uma pessoa negativa perto daqueles que protegemos com tanto afinco e, pensando de forma mais egoísta, muito menos perto de nós. Porém, com o passar - vagaroso, infelizmente ressalto - do tempo, comecei a perceber um lado diferente dessa situação. E se essa pessoa veio para nos fazermos lembrar, presenciar e repudiar algo que, se não nos policiarmos, podemos nos tornar? 

Me orgulho da criação que minha mãe me deu. Posso ser cabeçuda, teimosa e até mesmo convencida nas horas vagas. Mas nunca, nunca abuso conscientemente dessas coisas a fim de fazer alguém se sentir mal. Nunca admitirei ver uma pessoa tratar outra com inferioridade, principalmente ao se tratar de alguém com um status levemente - ou bastante - superior tirando vantagem daqueles desprovidos de algum poder. Nunca deixarei de me chatear ao ver alguém ser rude gratuitamente com outra pessoa.

E é isso que me faz sentir uma insatisfação tão grande. Ver alguém amargo, insatisfeito com a vida, tratar alguém, um outsider, que nem conhece, de maneira rude simplesmente porque sua vida não corre da forma como desejaria. 

E SABE O QUE É O LEGAL? É que, ao agir assim, tão amargamente, a pessoa põe em execução a minha interpretação da frase do Pequeno Príncipe. Você é capaz de tratar mal uma pessoa pelo simples prazer de descontar suas frustrações em alguém que não tem nada relacionado aos seus problemas? Pois então seus problemas vão se multiplicar, e esse comportamento infeliz vai voltar para você da mesma forma.

Por que as pessoas se tratam assim? e por 'se tratar' eu uso não somente a ideia de tratar a outros, mas sim a de tratar a si mesmo. Por que guardar tanta mágoa a ponto de derramá-la em pessoas paralelas aos seus problemas pessoais? Um professor que desconta nos alunos suas insatisfações, um filho que desconta nos pais suas falhas, ou uma mulher que trata mal ou é rude com um garçom ou empregada, cujo trabalho é servi-la com um sorriso no rosto. Ao fazer isso é como se você convertesse seus maus sentimentos em uma bolinha de tênis, com a ideia (consciente ou inconsciente) de tocá-la para longe, sabendo que está mirando numa parede: é idiota. Você acredita que a bolinha vai atravessar a parede. Mas ao jogá-la ela obviamente bate na parede e volta em cheio na sua cara.

É mais ou menos assim que acontece.

Cative sentimentos bons. Cative pensamentos bons, para que eles cresçam e então você se torne responsável por uma serie de bons resultados, e não por mágoas que de tanto guardadas se tornaram uma massa espessa e negativa que, em algum momento, vai consumir toda sua vida.


Eu realmente não sei o que ou o motivo de eu estar escrevendo isso; simplesmente me deu vontade depois da frase surgir em uma conversa descontraída com oz migz.

Eu só gostaria que as pessoas que levam sua bolsinha de maldade, mágoa, raiva e inveja junto do corpo pensassem duas vezes e enterrassem ela bem longe de si e dos outros, ao invés de tentar incessantemente empurrá-la a algum inocente a fim de que ele passe a carregá-la. 

E gostaria também que aqueles que tivessem a opção de se distanciar de pessoas assim o fizessem. Ninguém é Madre Tereza. Ninguém tem que ser tão bom a ponto de deixar sua própria segurança psicológica para estar ao lado de amigos/colegas/namoradxs/esposos assim. Pessoas negativas vão estragar sua vida pelo simples fato de já terem estragado a própria. 

Não se preocupe em abandonar relacionamentos assim, onde alguém suga sua força de vontade e te transforma em uma bengala psicológica. Você é melhor que isso. Sempre.


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