Você não se formou em jornalismo? O que tá fazendo trabalhando com Estética?

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Oi Brasil. E Portugal, sei lá, vocês lêem ptbr também, então não custa tentar interagir, caso alguém daí apareça por aqui. (quê?)

Eu tô há uns dias (aka semanas) para escrever aqui sobre isso. NÃO que vá fazer muita diferença, porque eu sei que as pessoas continuarão me fazendo a mesma pergunta - mesmo que eu saiba que, na maioria das vezes, não é devido à má intenção.

(Só pedindo desculpas desde já. Esse texto foi meio bem pessoal, aí só vomitei todas as palavras pra fora aqui nesse post e não revisei. Perdoem qualquer - ou os vários - erros de digitação que podem aparecer)

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Pra quem não sabe, comecei a trabalhar na área de estética (mais precisamente Estética Facial) nos últimos meses. Até então não tinha aberto muito sobre isso pra todo mundo porque não sabia lidar com as reações. "Mas e o Jornalismo?" "Largou a tua área?" "Mas tu te formou em uma coisa totalmente diferente!". Toda vez que ouvia isso me dava um frio na barriga. Ainda dá, se é pra ser sincera. Vocês acham realmente que eu não fui a primeira a pensar "O que eu tô fazendo?" "Eu fiz uma faculdade e agora tô querendo sair da área?" "O que vão pensar?" "Eu to desperdiçando o dinheiro dos meus pais que pagaram a faculdade, e seis anos de curso". Antes de eu entrar de vez pra Estética, antes de vocês sequer ouvirem falar que eu estava com ideia de trocar de área, eu já me questionava tuuuudo isso. E eu sei, do fundo do coração, que vocês não tem má intenção em dirigir esses questionamentos pra mim. POR QUE EU TAMBÉM TIVE AS MESMAS DÚVIDAS. Então sentem aqui comigo, peguem umas bolachinhas e um chá de pêssego, e vamos conversar. Vou explicar tudo que eu fui capaz de concluir sozinha, depois de meses pensando e quebrando a cabeça numa discussão interna comigo mesma.

Isso tudo começou de modo louco. Me formei em Janeiro/2016 em jornalismo. E eu juro que amo comunicação (talvez não mais tanto o jornalismo em si, mas a comunicação é amor eterno), e nunca vou deixar de amar. Foi estudando Jornalismo que me tornei a pessoa que sou hoje e, se formos seguir uma linha lógica, que me levou à profissão que acabei escolhendo. O jornalismo me desconstruiu, me fez questionar, lutar, discutir e ir além. Foi a comunicação que me proporcionou essa visão da sociedade que é muito mais complexa do que nosso próprio umbigo. Que me fez ver além da minha situação financeira, além da minha sexualidade, além da minha posição política. Foi o jornalismo que me ensinou a ser quem eu sou; me ensinou a perder preconceitos, a perder a vergonha de me expressar; me ensinou a não me importar com a opinião alheia e não sentir necessidade de me encaixar em algum padrão. Me ensinou o feminismo, a coragem pra me vestir como quero na rua, e a irmandade. Me ensinou o que era o machismo e a gordofobia. Me ensinou as dificuldades que nós mulheres passamos na necessidade de nos sentirmos aceitas. 

Graças às portas que a comunicação e o jornalismo abriram na minha mente, eu fui capaz de me tornar essa pessoa que sou hoje. E essa pessoa de hoje não se vê mais sentada numa mesa, redigindo, seguindo uma rotina de trabalho ou respondendo a um superior. Como um professor meu de empreendedorismo uma vez disse, "Há pessoas que nasceram para trabalhos rotineiros, outras não. Há as empreendedoras, e as que não são. E não tem nenhum problema ser ou não ser uma, pois a sociedade precisa dos dois lados". A pessoa que sou hoje nutre uma vontade louca de fazer a diferença DE UMA FORMA DIFERENTE. Eu queria me sentir totalmente satisfeita na área, numa redação ou numa agência. Mas não é assim. E me prender nisso tava, no mínimo, me deixando bem infeliz. 

Comecei a sentir cada vez mais necessidade de gritar e ajudar outras pessoas, outras mulheres, dizer o quão especial elas são. O quão lindas elas são. Que não importa altura, peso, cor de pele, sexualidade ou o diabo a quatro. O que importa é o amor-próprio e a segurança de que cada uma de nós é um indivíduo único, e não tem por que aceitar comparações. Eu vivi isso (por mais que nunca da forma que outras mulheres viveram, claro), toda mulher vive isso. E com a ajuda inconsciente de várias pessoas e diversas novas tendências de self-love na rede, eu comecei a mudar, a me amar mais, a me sentir única como nunca me senti antes. 

Aí eu comecei a me interessar pela questão da Beleza. Tem quem diga que maquiagem ou qualquer coisa relacionada a isso é futilidade. NÃO MANAS. Não é. É EXPRESSÃO. O que uma mulher pinta ou não no rosto dela, é a forma dela externar sua personalidade através da arte. Já vi críticas estúpidas pra uma blogueira ruiva e sardenta, porque "ela tapa todas as sardas, então ela não se aceita como ela é". MIGAS, NÃO. Ela se maquia porque ela ama fazer isso, ASSIM COMO ELA AMA AS SARDAS DELA. Sacas? Beleza já não é mais uma questão de se esconder atrás de uma falsa persona, é a expressão de si mesma e da personalidade através de coisas que a gente gosta. Roupas, maquiagens, cabelos... Claro, há muitas e muitas mulheres inseguras ainda, que usam da maquiagem para se proteger das inseguranças. MAS o objetivo é justo esse: demonstrar que esses complementos tão ali pra te fazer feliz, não te esconder. Não tem nada de errado se você ama maquiagem, ou se você ama seu rosto limpo. O importante é se amar.

Bom. Entendendo isso... Como eu também demorei um pouco pra entender... 

Eu estava surtando, desempregada depois de 3 anos trabalhando direto. Minha mãe (dona de uma clínica terapêutica) me incentivou a fazer algum curso, para ao menos eu ocupar meus dias e, se gostasse, também poderia ajudar ela na área. Minha mãe faz massagem. Nunca gostei disso (haha), e nem seria capaz, porque não tenho força nenhuma nos braços - snif snif. Um dia vendo programações de cursos, me deparei com o de Estética Facial e Cosmetologia. Li e deixei a ideia pra lá. Passou um dias e voltei a pensar nisso. Chamei minha mãe e falei "olha, esse é um curso que eu faria". Larguei assim, sem pretenção nenhuma. Mamãe então me olhou no grão do olho e falou "mas vai e faz então, ué".

Uma semana depois tava eu no curso. 

"O que eu tô fazendo aqui?", foi o que pensei quando estacionei o carro na frente da escola. Eu nunca trabalhei na área estética, não tenho nenhuma experiência. Mas vamos lá né. A experiência de conviver desde pequena com uma mãe técnica em enfermagem e massoterapeuta tem que ter ajudado pra algo, né? NÉ?

Na segunda aula já foi um negócio louco. Cheguei em casa maravilhada. Olhei pra mãe e falei "acho que tô gostando" (desculpa gente, não sei expressar bem meus sentimentos. Tenho medo de me precipitar, então eu posso tá gritando por dentro, mas por fora eu vou só dizer 'tá legal' e ir embora haha). A cada aula me encantei mais pelo assunto, e um dia, no intervalo de uma delas, percebi que era isso que eu queria fazer. Não necessariamente ganhar dinheiro com a estética (dã, isso faz parte né), mas fazer as pessoas - principalmente as mulheres - se olharem no espelho e se gostarem. Sem maquiagem. Ou com maquiagem, tanto faz. Mas se amarem. Ensinar elas a cuidar do rosto, da pele, a se sentirem bonitas. E se durante o processo eu posso ajudar elas a entenderem que são bonitas por dentro e por fora, já é um plus.

Quando me dei conta disso também apareceu a crise existencial. Eu vou mesmo desistir do jornalismo? Mas o que meu pai vai dizer? E a vergonha de falar que vou largar tudo? O que minha família (e eu tenho três né) vai falar? 

E vocês sabem o mais engraçado? Esse é nosso cérebro sendo idiotinha. Principalmente no meu caso, ou no caso de qualquer pessoa que sofre de ansiedade e já sofreu de depressão. A gente tende a achar que, o tempo todo, tá decepcionando as pessoas na nossa volta. E vocês sabem o que meu pai falou quando eu finalmente tive coragem de dizer pra ele que "eu achava que tava gostando muito disso"? Ele só olhou pra mim e falou "que bom filha, fico muito feliz que tu tenha achado algo que está gostando de fazer". Isso. SÓ ISSO. Enquanto meu cérebro tava criando mil expectativas, pensando que eu ia decepcionar minha família, eles na real estavam super empolgados de me ver feliz numa profissão que eu tinha descoberto pra mim.

Minha mãe e meu pai prontamente me deram apoio, emocional e financeiro (cês não sabem o quanto é caro um kit de produtos profissionais pra limpeza de pele, peeling, revitalização, etc). Me estimularam e até agora ficam feliz com o quanto ainda tô empolgada. E isso é bem novo pra mim. Esse sentimento. Sempre gostei de todos os trabalhos pelos quais passei, mas nunca tive essa satisfação pessoal, de sentir que realmente eu ia fazer a diferença na vida de algum indivíduo diretamente.

Percebi que amo lidar com pessoas. De auxiliar elas. De aprender coisas que eu possa passar adiante (mas não num sentido teórico, e sim num prático). Percebi que amo ser minha própria chefe, organizar minha própria rotina.

"E a comunicação?", me perguntam. A comunicação vai bem. Uma faculdade, qualquer ela que seja, NUNCA vai ser perdida. Todo ensinamento é levado conosco e nos faz pessoas melhores. No meu caso eu aprendi a me comunicar melhor, a ser mais empática, a ter uma visão neutra de problemas, a vender meu produto de forma certa e consciente (amém marketing), a divulgar meu trabalho e atrair prospects. A comunicação nunca vai ser perdida na minha vida. E além disso, é ela que me faz ter liberdade suficiente pra publicar num blog, falar sobre a vida, como agora, ou sobre séries, filmes, livros, música, etc. Estudar comunicação foi a melhor coisa que fiz como forma de iniciar minha vida adulta. E agora, a estética, é a descoberta apaixonante que me faz continuar.

Então não, não pretendo voltar a sentar numa redação (não podemos dizer nunca porque né, nunca se sabe o futuro). Mas não, não pretendo também abandonar o jornalismo ou a comunicação, porque foram eles que pautaram a Larissa que sou hoje.

E caso alguém não saiba ainda a maravilha que é ser capaz de melhorar a auto-estima de alguém: tente.


Mulheres, não se comparem, não diminuam umas às outras. Amem-se, respeitem-se, inspirem-se. A vida é tão curta pra vivermos com medo da opinião alheia, ou vivermos com a necessidade de recebermos aprovação. A única aprovação que precisamos é de nós mesmas quando nos olhamos no espelho e nos amamos assim como somos; sem necessidade de encaixar-se naquilo que revista A diz ou que site de moda B implique. E acho que é isso que eu tinha pra dizer. É. Amém. Cês são lindos e obrigada por lerem tudo isso. 



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