Somebody that i used to know

0 Comments



Oi.

Não sei como começar esse texto, mas queria falar um pouco de moda, medos e sociedade.

Ultimamente venho recebendo elogios que giram em torno de “nossa, como você tá bonita”, “nossa, adorei tua maquiagem”, “adorei o batom”, etc., e outros que, na minha concepção, também considero como positivos: “nossa, como você tá diferente!” e todas aquelas frases que seguem a palavra-chave “diferente”, ditas nem sempre na melhor das entonações.

E aí me perguntam qual meu estilo... E eu não sei dizer.
Como assim?

Não sei. Pra começar, não sei porque, finalmente, pela primeira vez na vida, (taca aposto na frase, larissa, taca mais que tá pouco, ficou linda a construção) estou começando a formar meu estilo. Meu. Não do amiguinho. Não da tv. Não das pessoas que andam na rua e olham. Meu.

E isso se deve, basicamente, a dois fatores de importância equivalente:


Ser mulher sem medo.
     Até o ano passado só saía de casa de calça jeans. Não por falta do tão chamado “estilo” (que eu acho uma palavra babaca usar em qualquer tipo de texto), mas porque sempre tive muito medo. Medo de ouvir cantadas, das cantadas irem mais além, de ser tocada, olhada, desejada. Qualquer mulher entende essa situação. E o louco é que isso está tão enraizado na nossa cultura que nunca tinha questionado o medo como resultado de uma ação machista. Até pouco tempo eu simplesmente entendia que era natural nós mulheres termos medo de andarmos na rua. Simples assim. Homens vão te cantar e falar coisas nojentas pra você, e se você não gosta, faça de tudo para não chamar atenção. É isso aí. Eu não ia nem ao mercadinho usando shorts. Passava de cabeça baixa ao lado de homens estranhos na rua, com medo de um contato visual sem intenção que pudesse dar alguma liberdade para o cara. Isso tudo até eu perceber o quanto ESSA realidade não era normal. Até as pessoas a minha volta me mostrarem que podia ser diferente. Eu nunca questionei isso, nos (até então) quatro anos que estava na faculdade de jornalismo... Ironias da vida. Shame on me.
Então, pelo medo, me prendia dentro de mim. Não usava vestidos, saias, nem nada demais, porque roupas diferentes atraem olhares, e olhares podem incluir algum olhar sujo que vou odiar. Podem não... VÃO incluir olhares assim.
Só que isso começa a encher a porra do saco. Aí, após finalmente perceber que meu comportamento era muito triste, e que aquelas fotos de roupas super estilosas que eu curtia na internet eram as que eu gostaria de verdade de estar usando, veio o segundo problema.


A segurança e a autoconfiança.
INCRÍVEL como vivemos dependentes né?
O problema é que a mídia erra. Erra demais quando ditam as pessoas como dependentes da moda. Não somos dependentes da moda, somos dependentes da aceitação da sociedade. O fato de sermos nós mesmos a compor a sociedade é detalhe, aparentemente, porque o cérebro não parece processar o significado disso. Parece não absorver que, se somos nós a sociedade, por que temos medo?
Mas eu tinha. Muito. Medo de todos olharem quando eu passasse. De acharem minha maquiagem demais... Ou de menos. Medo de virar a garota estranha que todo mundo sussurra nos corredores. Medo de ser conhecida não pelo que faço bem, mas por usar uma roupa ou ter um “estilo” diferentão~. Medo de não me encaixar no padrão da sociedade, de forma resumida.
E ISSO É MUITO LOUCO. Porque sempre jurei ser contra essa ideia.
Era contra, mas fazia igualzinho. PARABAINS PRA MIM.
Por causa desses medos, dessa necessidade de agradar essa selva moderna, me esforçava ao máximo para m encaixar. Só que ao me encaixar, acoplava junto o medo já citado. Isso fazia com que passasse os dias sendo normal. Normal demais. Passando despercebida, porque “ao menos assim ninguém fala nada”. Isso parece diário de adolescente de um livro Young Adult, mas quero deixar claro que esses pensamentos não ocorriam de forma consciente. HOJE eu sei que eles existiam. Mas até pouco tempo? “Me visto assim, igual todo dia, porque eu gosto.” Ou “Não ponho saias porque não fico bem nelas”. Essas eram as frases que permeavam minha mente, e que eu solenemente acreditava. Sério.
Com o passar do tempo, eu fui sumindo. Sumindo tanto que me perdi.
Posso culpar minha situação familiar, ou meu trabalho de conclusão. Mas nada disso suporta sozinho toda a culpa. Eu sempre fui uma pessoa que gosta de mostrar. Mostrar que sabe, mostrar que faz. Não tenho vergonha nenhuma de assumir isso. Nunca tive. O irônico é que, enquanto falava isso, não fazia muitas coisas que queria, tudo por vergonha. Weird.
A depressão veio. A depressão consumiu.
Meses foram passando.
...

MAS aí as coisas começam a mudar.
Sempre dizem aquelas baboseiras né, de que alguma coisa acontece quando chegamos lá no fundo do poço e XABLAU, as engrenagens começam a girar de novo. No meu caso foi gradativo. Foi bem de vagar, e eu não vi acontecer.
Comecei a trabalhar com uma amiga fantástica. Ou, que, no caso, se tornou uma amiga fantástica. Independente dos problemas, iguais e piores que os meus, ela nunca deixava aparentar nenhum sintoma de que o mundo, a sociedade em si, a afetava. E eu sei que afetam. Mas o mágico nisso tudo é que ela não deixava de ser ela mesma. Conviver todo dia no mesmo ambiente, vendo outra perspectiva, tão igual e tão diferente, me deu mais luz do que eu esperava. E aí se já não bastasse uma colega fantástica, me deparei em frente à outra mulher foda. Que me mostrou tanta coisa que os butiás caem do bolso só de pensar. Que luta e defende o que ela acredita, que não se deixa importar com os múrmuros idiotas e faz deles sempre uma escada pra ir mais e mais alto. Me orgulho pra caralho por ter a oportunidade de conviver com essas pessoas fantásticas e todo um circulo de gente linda, que me deram novas perspectivas. Não tenho nenhum problema em dizer que incorporei o look porque, pela primeira vez em... sei lá quanto tempo, eu estava confortável com meu lugar no mundo e com quem eu era.
Fui aprendendo aos poucos que, migue, seje menas, e não seja mil coisas, seja apenas você. Seja você, mesmo que sua vontade seja botar uma calcinha na cabeça, ou pintar as sobrancelhas platinadas. Seja você e foda-se o resto. Pode parecer piada, mas aquela frase “Ninguém paga minhas contas pra poder dar pitaco na minha vida” nunca foi tão real.
Por que eu tinha tanto medo de ser julgada? No final, então, eu preferia que assumissem que eu era uma pessoa que eu NÃO era, só para ser aceita sem questionamentos? SÉRIO? Posso usar a expressão “shame on me” de novo?
Aí acontece que muita gente que diz “nossa Larissa, tá diferente!” na verdade ‘tá me conhecendo pela primeira vez.
Oi, prazer, eu sou a Larissa. Eu gosto de maquiagem escura, roupas cintura alta, all star e saltos nas horas vagas. Eu gosto de ver novelas asiáticas, escutar música coreana e acompanhar mangás e animes. Amo música pop, aquelas bem comerciais mesmo, tipo justin bieber e Britney Spears. Leio fofocas de famosos americanos e sou bem chata quanto às fontes de noticias desse mundo. Acompanho um milhão de séries de televisão americanas/britânicas e leio muuuito livro adolescente, jovem adulto e romance. Nunca gostei de ir a festas e prefiro muito mais uma jantinha com os amigos - mas se me obrigarem ao menos me levem num barzinho, e não numa balada. Gosto de livros - e histórias no geral - de ficção, que envolvam personagens sobrenaturais, principalmente anjos. Não tomo muito café (independente do fato de ser jornalista), porque não me faz bem e não acho o gosto lá tudo isso. Não tomo chimarrão e não entendo como acham gostoso, por mais que seja, em grande parte (lol), gaúcha. Coleciono cds de pop coreano, livros, e dvds de series. Amo estudar o cenário da cultura pop (de todo lugar!). Não consigo saber apenass metade de uma história (isso me leva a passar horas e horas stalkeando a vida de personalidades ou subcelebridades pelos mais diferentes motivos). Leio romances de banca! Fui e sempre vou ser fã do RBD – é, da novela Rebelde. Amo a cultura coreana. Sou estranha. Falo demais. Quero sempre me tatuar.
E, o que mais me orgulho hoje:
Não ligo a mínima para a sua opinião.

De uma forma educada. De uma forma boa. Não ligo. Mesmo.  <3

~
Ah, mas e o medo do abuso nas ruas?

Bom, ele ainda tá firme e forte. Mas sem o segundo medo para embasar, eu fui capaz de suprimir ele a ponto de conseguir perceber que, se eu não impor minha vontade, vamos (vou) continuar nessa realidade de merda pro resto da eternidade. 


You may also like

Nenhum comentário: