Ah... fanfics que surgem do nada (exo feelings)

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Sim, um trecho de fanfic aleatório que me veio na cabeça, depois de uma entrevista recente do Suho.
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Eu não sei exatamente o que aconteceu. Como chegamos até esse ponto.

Quero dizer... Eu sei, eu sei o que fizemos. Ou o que não fizemos. Mas não há um ponto específico no qual eu consiga voltar atrás em meus pensamentos e apontar o dedo, "foi aqui".

Não. Foi como uma bola de neve. Uma sucessão de momentos que preferimos varrer para baixo do tapete ao invés de lidarmos com eles.

Toda noite, antes de dormir, cruzo os braços sob a cabeça e, enquanto olho o teto, me pergunto onde eu errei. E oh, como respostas me vêm a mente. Uma sucessão de flashes, me mostrando momentos que eu deveria ter agido diferente. Quem sabe se eu tivesse agido como um bom líder...

Minho me diz para parar de me culpar. Em um rompante de raiva, um dia, soquei o braço do sofá enquanto me erguia e gritava para ele que era muito fácil falar, quando tudo que ele precisava fazer era sorrir para as câmeras e cantar um rap ou outro. Quis engolir cada uma daquelas palavras no momento que elas escaparam minha boca.

Meu amigo, no entanto, apenas sorriu. Eu chamei ele de inútil, mas ele só sorriu. Depois disso, ergueu-se de vagar do sofá e caminhou até mim, colocando as duas mãos em meus ombros. Queria fugir dali. Queria me esconder do mundo, me esconder dele, escapar das minhas atitudes infantis. Seu aperto nos meus ombros, porém, era firme e, ao mesmo tempo, gentil.

"Eu sei que você tá passando por um momento difícil. Mas nós não assinamos o modo fácil quando entramos nessa. Nós sabíamos o que ia rolar. Assim como os sunbaes conseguiram, você também vai conseguir. Só dê tempo ao tempo... E não desista". Depois de queimar meus olhos com os seus enquanto dizia isso, deu dois tapinhas em meu ombro direito e afastou-se, colocando as mãos no bolso enquanto caminhava até a cozinha de seu dormitório, vazio no momento.

Enquanto absorvia e tentava me convencer de suas palavras, Minho gritou avisando que iria pedir comida para jantarmos. Era mais ou menos meia noite... E eu era um imbecil.

Voltei para casa caminhando aquele dia, independente dos protestos de meu amigo para que eu pegasse um taxi. As fãs não procuram por mim à noite. Elas procuram por Jongin, Sehun... Elas já sabiam que eles gostavam de passear na rua tarde na madrugada. É por eles que me preocupo. É por eles que me vejo caminhando de um lado a outro do meu próprio dormitório quando acordo com sede ou vontade de ir ao banheiro de noite e vejo suas camas vazias e seus sapatos faltando no hall de entrada.

É por Baekhyun que tamborilo os dedos no braço do sofá ou na mesa da cozinha, enquanto torço inutilmente que ao menos ele esteja com algum conhecido, que tenha saído com Chanyeol, Taeyeon...

Enquanto penso nisso tudo, durante uma das noites que não conseguia pegar no sono, a menção de Baekhyun me faz lembrar de um dos momentos que faria diferente; que, talvez, se eu tivesse agido melhor, não estaríamos assim hoje.

Não lembro bem o dia da semana, não lembro nem sequer se era um fim de semana. Apenas me recordo que estávamos de folga. O sol já havia se posto completamente e cada integrante estava entretido em seus próprios afazeres, um ou dois conversando em tom baixo em algum canto do apartamento.

Enquanto jantava, na cozinha que interliga com a sala, ouço pés se arrastando em direção à porta de entrada. Estico o pescoço e vejo Baekhyun, as mãos nos bolsos e a cabeça baixa, caminhando em direção à saída.

"Ei, Baek", chamo por ele. O moreno vira para mim com um olhar vazio, erguendo uma sobrancelha e aguardando para que eu falasse.

"Amanhã temos compromisso logo cedo... Não acha melhor ficar em casa por hoje?" Minha voz não tinha pretensão nenhuma. Na verdade eu nem tinha pensado em qualquer coisa, apenas estava sendo racional. Precisávamos trabalhar amanhã, era só.

No momento não percebi, mas enquanto relembro, é como se pudesse ver um brilho diferente na cor dos olhos de Baekhyun quando ele girou nos calcanhares, ficando totalmente de frente para mim antes de responder apenas "não". Antes que eu replicasse ele virou-se novamente e continuou sua lenta caminhada até a porta.

Franzi o cenho. Não era bom ele ficar até tarde da noite na rua, ele sabia disso, ainda mais pelo fato de termos a porcaria de um photoshoot no dia seguinte. Não era difícil de entender.

"Baekhyun. Fique em casa." Agora, enquanto penso sobre isso, calculo que meu tom de voz deve ter soado mais como uma ordem dada do que uma sugestão. Não foi minha intenção... Mas eu já estava tão cansado... Eu só queria me livrar de todas essas responsabilidades, mas não podia.

O moreno parou de novo, deu novamente meia volta e parou me encarando. Seu rosto era sério e seu cenho se contraía, incomodado.

"Desculpe, não sabia que agora você era o lorde dessa casa."

"Escute, Baekhyun... Não é isso que quero dizer. Mas seria bom se vocês ao menos cooperassem comigo UMA VEZ e ouvissem o que eu digo. É pedir demais?"

Essa não foi a melhor reação. Eu deveria ter agido como um bom líder, ter tentado entendê-lo. Ver o peso sob os ombros dele. Compreender que Baekhyun tinha momentos em que precisava espairecer. Eu sei de tudo isso... Eu o conheço à anos... Mas eu só estava... cansado.

"Você acha que é o que nessa merda? Porque não sei se percebeu, mas essa merda não é mais um grupo a muito tempo. É só sair do palco e puff, ninguém mais aguenta se olhar na cara. Parabéns, você é o rei de terra nenhuma."

Falando isso ele caminhou até a porta, girando a maçaneta.

Eu deveria ter parado por aí.

Mas não. Eu tinha de perder as estribeiras - de novo - e agir como uma criança.

"Desculpe se estou tentando manter os cacos de vocês juntos enquanto ninguém mais se esforça nessa bosta!"

Baekhyun me lançou um olhar de desprezo por sob o ombro e abriu a porta, atravessando-a e batendo-a atrás de si com um baque surdo.

Ouvi uma respiração pesada e olhei para a sala. Chanyeol estava parado em frente a porta do seu quarto. Ele provavelmente deve ter saído ao ouvir a voz de Baekhyun erguer alguns tons. Nossos olhos se cruzaram e nos encaramos por alguns instantes antes de seu rosto se retorcer em uma expressão clássica de "é, fazer o quê". Ele deu de ombros, virou as costas e voltou a entrar no quarto, fechando sua porta muito mais gentilmente do que seu colega acabara de fazer.

**
Foram momentos assim que destruíram a família já disfuncional que possuíamos.

Outra discussão que tive foi com Yixing. Teria sido algo que ambos já teríamos superado, se não fosse o fato de que ela aconteceu na frente dos meninos.

Tínhamos que gravar um comercial, deveríamos estar em locação às sete da manhã. Depois da saída de Yi Fan e LuHan não foi estabelecida mais nenhuma liderança - além da minha. No entanto, havia entre o grupo uma verdade não dita onde Yixing estava segurando as pontas do outro lado, me ajudando. Talvez tenha sido esse meu erro então. Ele estava me ajudando. Por vontade própria. O líder era e sou eu, e cabe apenas a mim ser como um pai e cobrar uma determinada postura por parte dos integrantes. Mas a ideia de que eu poderia dividir mais uma vez o cargo parecia tão apelativa, que me deixei levar. Inicialmente Lay levou as coisas numa boa. Ele leva praticamente tudo numa boa. É impossível - ou quase - tirá-lo do sério. Por isso que considero esse momento quase como uma discussão unilateral.

Estavamos atrasados para o comercial. Os maknaes ficaram acordados até tarde - nada novo até aqui - e tiveram problemas para levantar, para dizer educadamente. Quando entrei em um dos quartos encontrei Sehun e Jongin deitados em camas paralelas, ambos com o antebraço direito tapando os olhos, as poucas feições visíveis por debaixo do braço indicando que estavam sentindo várias coisas, e a vontade de levantar não era uma delas.

Me irritei.

"Sehun, o que tá acontecendo aqui?"

Estava parado na porta, com as pernas levemente afastadas e os punhos cerrados nas laterais de meu corpo. Isso não podia estar acontecendo. Não um dia depois de Tao ter me chamado para conversar falando sobre sua possibilidade de deixar o grupo.

O mais novo emitiu um som estranho enquanto tirava lentamente o braço do rosto e fixava o olhar na altura de meu peito, provavelmente sem coragem de me encarar.

"Nós saímos ontem... Eu insisti em levar o Jongin para um restaurante que costumo frequentar e..--"

"Bar, você quer dizer."

Sehun não entendeu de primeira. "Que?"

"Sinto o cheiro de alcool de longe nesse quarto. Nossa senhora. O quanto tu deixou o Jongin beber?"

"Não obriguei ele a nada", resmungou Sehun, virando o rosto para a parede.

Caminhei até o espaço entre as camas e cutuquei Kai na perna. Ele gemeu e continuou na mesma posição.

"Eh! Jongin! Levanta e ao menos tenha a decência de se explicar!"--"E Sehun, eu não acabei contigo, não ouse se virar e fingir que voltou a dormir!"

Nesse momento, ouço barulhos vindo da porta e, ao me virar, percebo que praticamente todo resto do grupo estava escorado ou perto do batente, analisando a situação. A maioria já vestido e pronto para o trabalho para o qual estaríamos atrasados em cinco minutos.

Foi então que Yixing passou pela porta carregando dois baldes e deixando um ao lado da cabeceira de cada uma das camas. Virei rapidamente para ele, focando minha indignação em um novo alvo:

"Espera. Você já estava sabendo dessa situação?", falei, enquanto gesticulava energicamente de um à outro.

"Yep", foi o que me respondeu Yixing, com a mesma calma de sempre, para logo depois perguntar se os meninos já haviam tentado tomar algum efervescente.

"Porra Yixing!" gritei.

Isso chamou sua atenção.

Eu estava nervoso. Dois integrantes deixaram o grupo. Um me comunicou que estava em processo de fazer o mesmo. Estávamos em meio à promoções. Possuíamos uma série de trabalhos para fazer além da divulgação do cd. E, além de tudo isso, aparentemente ninguém parece entender a gravidade da situação, não vendo a necessidade de cooperar com o pouco de ordem que tento estabelecer em meio ao caos. Eu já era considerado o pior líder da minha agência. Eu já era conhecido como o cara que não consegue manter o próprio grupo estável. Nosso grupo já estava com o nome na lama por causa de relacionamentos não aceitos por fãs, abandono de navio e fiascos idiotas nas redes sociais. E agora, para ajudar, em menos de cinco minutos nosso agente entraria porta adentro do apartamento apontando um dedo na minha cara, deixando claro o quanto sou incapaz, o quanto nosso grupo é pouco profissional e questionando os motivos de não estarmos na van nos dirigindo ao set de filmagem. E como explicação eu tinha dois integrantes gemendo na cama e um suposto adulto, que deveria me ajudar, perguntando se eles queriam engov e espalhando aquela calma irritante que só ele conseguia passar nos momentos menos oportunos.

"Calma, cara." Disse Yixing enquanto me puxava pra fora do quarto e fechava a porta. Nos encontrávamos agora em frente a entrada, na sala, onde todos os outros integrantes nos observavam silenciosos. Ele continuou: "Ninguém tá morrendo aqui, eles só beberam um pouco demais. Vou dar um remédio e mandar eles se vestirem"

Enquanto dizia isso, já se virava para dirigir-se até a cozinha, possivelmente para procurar a porcaria do remédio para o estômago e copos d'água.

"Esses irresponsáveis tomam a PORRA DUM PORRE na madrugada antes de gravar UM COMERCIAL PARA A TELEVISÃO, e tu acha que dar um remedinho para o estômago vai resolver? Em que PORRA de mundo tu vive sempre, Lay? ME DIZ, PORQUE EU QUERO MUITO FUGIR PRA LÁ TAMBÉM E NÃO TER QUE CUIDAR DE CRIANÇA IRRESPONSÁVEL"

Yixing parou de caminhar ao final da minha frase. Os músculos de suas costas se contraíram e ele deu meia volta, caminhando de volta à mim, que continuava parado no lugar onde havia me deixado.

Confesso que estaqueei. Por um segundo achei que iria levar um soco. Acho que queria um soco. Era bem vindo. Qualquer coisa era bem vinda no estado de numb eterno que eu estava vivendo nos últimos tempos. Eu queria que ele me socasse. Eu quase podia sentir meu corpo vibrando pedindo pelo contato do punho dele com meu rosto. Não aguentava mais o respeito velado que via partir dos integrantes para comigo, ao mesmo tempo que eles não eram capazes de entender o que um líder passa quando o grupo está em crise.

Mas era Lay.

Era óbvio que ele não iria me socar.

Ele caminhou com passadas rápidas e firmes até mim, erguendo a mão direita e apontando um dedo na minha cara.

"Junmyeon, eu sei que não tá sendo fácil pra ti. Mas não tá sendo pra ninguém. Eu sei que as responsabilidades caem sobre ti. Eu sei que tu me vê como alguém com quem dividir o fardo, e eu até então não me importava com isso. Mas tu tem que entender que tu não é o único sofrendo aqui. Por que tu acha que essas duas crianças encheram a cara em pleno dia de semana, em período de comeback? Tu acha que elas estão bem? Porque elas não estão." A mão que apontava meu rosto abaixou, mas ele continuou, porém com o tom mais doce, como seu estilo costumeiro de voz: "Cada um tem um jeito diferente de lidar com os problemas, Junma, todos nós sabemos a merda que está sendo pra ti. A gente sabe. Mas tu precisa entender que os meninos veem isso e não sabem como lidar. Eles até querem ajudar, mas eles não sabem como. É irritante, é frustrante, mas todos nós estamos no mesmo barco aqui, por mais que tuas responsabilidades sejam maiores."

Acabando isso, ele simplesmente virou e voltou a caminhar em direção à cozinha, falando já de costas para mim e - o que percebi depois - todo o grupo de pessoas que observava nosso pequeno atrito, que iria buscar os remédios para os dois que sofriam de ressaca.

Essa provavelmente foi o momento de tensão mais triste pelo qual passei.
Eu amo o Yixing. Eu amo todos os integrantes, mas ter discutido com Yixing me feriu de um modo além do que eu estava preparado para lidar.

Era tão difícil ser correto, treinado e contido em frente às câmeras 24/7 sabendo de tudo que estava acontecendo nos backstages, que em algum momento eu precisava descontrolar. Percebi que estava fazendo isso em casa, deixando que pequenas coisas tomassem proporções maiores do que realmente eram. Eu deveria agir como um líder, não uma criança. Eu deveria lidar com as situações, chamar a atenção dos integrantes quando necessário e, acima de tudo, me responsabilizar por eles e responder por eles em situações de crise.

O problema é que as situações de crise eram tantas, que eu já estava esgotando as capacidades do meu cérebro. Era tamanha pressão que eu temia não conseguir me manter estável em alguma entrevista. Eu já não estava sendo um bom líder em casa. Temia que isso transpassasse também em público.



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